Sabe aquele dia que a gente acorda e pensa: “lá vou eu para mais um dia.” Onde mais um dia significa dia normal, rotineiro, cotidiano, inexpressivo. Exatamente dessa forma que eu iniciei meu pensamento na manhã do dia 12 de maio. Foi então que o inesperado me acometeu e este dia tornou-se memorável. Definir é limitar, assim como descrever, pois as sensações, os sentimentos, as imagens, cada mínimo detalhe compreendido nos acontecimentos, ao longo do dia, feliz ou infelizmente, são reservados àqueles que estiveram presente, mas venho aqui para dividir um pouco dessa experiência tão gostosa que tive a honra e o prazer de vivenciar.
Tudo começou com a visitação na fundação Casa de Rui Barbosa, mas não uma simples visitação. Com a presença ilustre de duas pessoas repletas de conhecimento e dispostas a compartilhar comigo, uma mera estudante de Direito, visitei a casa do ilustríssimo Rui Barbosa ao mesmo tempo em que recebia informações diversas sobre ele e sua vida tanto pública quanto privada.
Descobri que a tecnologia, já naquele tempo, era presente e que é possível SIM, uma só pessoa ler 37 MIL livros. É minha gente, Rui Barbosa leu os 37 MIL livros presentes em sua casa. Para comprovar basta abri-los e constatar que existem anotações em cada um deles. O mais marcante, entretanto, não foi a visita, ou os 37 mil livros e sim uma senhora, especialista na vida de Rui Barbosa, que se emocionou e me emocionou ao contar detalhes ínfimos da vida deste cidadão tão pequeno e, ao mesmo tempo, tão grande.
Foi partindo, rumo a casa, que o inesperado adentrou meu dia, novamente. Um amigo de turma da faculdade, juntamente a professora responsável pelas visitações me convidaram a passar o resto do dia com eles e fazer mais uma visitação, dessa vez ao Palácio Pedro Ernesto em conjunto com a Câmara Municipal.
Como estávamos adiantados, afinal a visita estava prevista para as 15 horas, almoçamos e fomos visitar o Centro Cultural Justiça Federal. Nesse meio tempo tive a oportunidade de assistir uma aula de Direitos Fundamentais de uma forma totalmente inusitada. O tempo passara tão rápido, ao olhar o relógio já eram quinze para as três, então seguimos rumo ao ponto de encontro da próxima visitação.
Esperemos a chegada de mais dois alunos e, por fim, iniciamos a visita. O palácio era fantástico, repleto de quadros belíssimos e pinturas na parede e no teto. Cada ambiente do local era composto por um toque especial. Anjos do barroco pintados no teto da sala de coquetéis e eventos, a ida e volta do trabalho representada também por pintura e dessa vez no alto das paredes da ante-sala do plenário. Por último o plenário. Apesar de o Brasil ser um país laico e do Direito não sofrer, teoricamente, quaisquer influências advindas das religiões, e respeitar toda e cada uma delas, a presença do cristianismo era fácil de ser detectada naquele ambiente, a começar pelo crucifixo pregado a parede.
Lá de cima pude notar a inquietude dos que abaixo espichavam os olhos. Eram os vereadores e demais presentes no plenário, incomodados com a presença daqueles a quem muito devem. Espiavam a todo o momento os “intrusos” na medida em que, cautelosamente, pronunciavam-se. Assustados ao mínimo esboço de reação nossa.
Diante deles, naquele momento, percebi nitidamente o poder que eu ou qualquer cidadão que ali fosse possuía. Percebi que apesar de eles serem 51, eu impunha medo. Afinal eu e todos aqueles que praticam seus direitos políticos o colocamos no lugar em que ele se encontra hoje, então somente nós poderíamos tirá-lo, ou não colocá-lo novamente.
A aula de Direitos Fundamentais, Rui Barbosa, cultura, história e cidadania que eu assisti nesse dia, fazem parte, sem dúvida, das melhores aulas que eu tive o privilégio de assistir, ouso dizer até que essa foi a melhor. Outras visitas serão marcadas, e através do blog eu e meus amigos, Victor Huggo e Catarina, iremos informar-lhes. Espero que assim como eu, vocês aproveitem as oportunidades que aqui aparecerem, elas são válidas a todos, em especial alunos de Direito. Espero também que , futuramente, vocês possam dar depoimentos ,assim como o meu e do meu caro colega Victor Huggo, de um dia simplesmente memorável que vocês tiveram o prazer de vivenciar.
Kelly S.
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